Receita vasculha internet em busca de sonegadores
Ostentar um padrão de vida para amigos e
familiares nas redes sociais e declarar outro no Imposto de Renda pode sair
caro para o contribuinte, e a Receita Federal tem reforçado cada vez mais a
fiscalização em sites e redes sociais em busca dessas inconsistências
financeiras.
As informações obtidas on-line viram
ponto de partida para uma investigação mais detalhada dos auditores. “A gente
usa a internet como subsídio. Toda fiscalização é feita com base numa análise
de risco, a partir de um algoritmo que varre a internet com palavras-chave e
vincula um determinado perfil a critérios já programados,” explica Flavio
Vilela, coordenador-geral de Fiscalização da Receita.
Com esse mapeamento, a Receita consegue
identificar “laranjas” usados por empresas para sonegação. “A gente fiscaliza
uma empresa e vê que o nome que está no contrato social não tem capacidade
financeira ou conhecimento para ser sócio. O dono de uma empresa com
faturamento de R$ 100 milhões no ano e que posta foto de churrasco da favela. É
dono da empresa? Não. Aí vamos atrás de quem é o dono, a partir dos contatos
dessa pessoa”, afirma.
Esse cruzamento de informações é feito tanto em redes sociais quanto a partir de dados on-line disponíveis em cartórios, diz.
Esse cruzamento de informações é feito tanto em redes sociais quanto a partir de dados on-line disponíveis em cartórios, diz.
“Consigo pegar um laranja que não tinha
qualquer vínculo com a empresa, porque colocamos essas pessoas numa grade de
relacionamento. Montamos uma relação passando por cinco, seis pessoas”.
Esses dados alimentam o processo de
coleta de provas contra o contribuinte suspeito de ocultar informações.
Depois que é feito o vínculo entre o
patrimônio e a pessoa, a Receita tem base para fazer o lançamento tributário e
cobrar eventuais impostos que tenham sido sonegados.
Segundo Vilela, o contribuinte não
precisa se preocupar com o que posta nas redes sociais. “A única questão é
declarar corretamente. Se declarar corretamente, pode fazer o que quiser na
internet,” ressalta.
Omitir as informações pode sair caro
para o contribuinte.
A multa é de 75% do imposto devido, além
da cobrança de 27,5% de IR sobre o bem. Se a Receita entender que houve fraude,
a multa pode chegar a 150% do imposto devido, além dos 27,5% de IR.
Bianca Xavier, especialista em Imposto
de Renda e sócia do setor tributário no Siqueira Castro Advogados, dá um
exemplo numérico.
Ocultar um jatinho de R$ 1 milhão
acarretaria em multa de R$ 513.920, considerando no cálculo a taxa básica Selic
acumulada desde o vencimento até os dias atuais.
Fonte: A Tribuna
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