Após 14 anos, governo do PT é
interrompido por impeachment
O Partido dos Trabalhadores esteve à frente do Brasil durante os últimos
14 anos. No entanto, nesta quinta-feira (12), o Senado
aprovou o afastamento da presidente Dilma Rousseff e
o PT deixa o poder.
A reportagem do Correio Braziliense
recorda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no poder durante
oito anos, em seguida, Dilma Rousseff assumoiu seis anos de governo.
Após a decisão de hoje, quem assume
o governo é o presidente interino Michel Temer (PMDB). Temer é considerado o
terceiro vice-presidente do PMDB a assumir o governo sem ser eleito por voto
popular nos últimos 30 anos.
Governo PT
Em 2002, depois de tentar três
vezes, Lula conquistou a presidência. O petista foi o primeiro líder de
esquerda operário eleito presidente e primeiro civil sem diploma universitário
a subir ao poder.
No primeiro mandato, Lula tinha o
desafio de reverter a inflação baixa, o aumento de desemprego, o endividamento
dos estados e a má distribuição de renda – consequências do Plano Real, medida
criada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
O petista conseguiu chegar a
estabilidade econômica e, mesmo sendo de esquerda, aplicou receitas econômicas
neoliberais, criou políticas sociais, redistribuiu a renda e reduziu a
desigualdade social no país.
O segundo mandato de Lula, de 2006 a
2010, foi marcado pelo crescimento do Brasil. Lula conseguiu colocar prioridade
na agenda política a inclusão social e a luta contra a miséria. O ex-presidente
resistiu à crise internacional e apoiou programas sociais, como o Bolsa Família
e o Minha casa, Minha Vida.
Já a presidente Dilma Rousseff
chegou ao governo em 2010. Antes de assumir o poder, Dilma foi ministra da
pasta de Minas e Energia entre 2003 e junho de 2005.
O primeiro mandato da petista, de
2011 a 2014, foi marcado pelo fomento aos programas sociais, como o Brasil Sem
Miséria, que trouxe avanços para o Bolsa Família. Na educação, investiu os
recursos do Pré-sal e criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego.
Entre os casos polêmicos do mandato
de Dilma estão o programa Mais Médicos e a Copa do Mundo.
Dilma foi reeleita em 2014 e
enfrentou dificuldades herdadas nos últimos quatro anos. A reportagem destaca
que as decisões da petista colocaram em xeque as alianças com parlamentares
aliados e até brigas dentro do próprio partido. Houve também medidas que
afetaram diretamente no bolso do cidadão: alta de juros para financiamento da
casa própria, mudança de regras trabalhistas, aumento da inflação, dos
impostos, dos combustíveis e das contas de luz.
Delcídio diz que cassação é fruto de “manobra” de
Renan
Após a decisão que resultou na cassação do
seu mandato, o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) divulgou hoje
(10) uma nota em que diz que o resultado da votação foi fruto de uma “manobra”
do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), “típica do gangsterismo que
intimida pessoas e ameaça instituições”. A nota também foi subscrita pelo
advogado de Delcídio, Antonio Augusto Figueiredo Basto.
Na nota, Delcídio diz que a decisão
dos senadores foi açodada e que Renan adotou um “espírito revanchista de quem
se julga acima da lei e do Direito”.
Segundo o texto, o desfecho que
resultou na cassação do mandato de Delcídio ocorreu com “atropelo de ritos e
supressão de garantias” refletindo “uma retaliação vil à sua condição de
colaborador da Justiça.”
O texto critica o fato de a Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) ter voltado atrás e revisto, em reunião
extraordinária, uma decisão tomada na noita desta segunda-feira (9), na qual o
colegiado deliberou pela suspensão do processo após pedido da defesa do
ex-senador. O pedido fez referência a um aditamento à delação premiada de
Delcídio no Supremo Tribunal Federal.
Segundo a defesa, o aditamento
traria evidências de que Delcídio agiu sob orientação do governo, o que poderia
acarretar na mudança do julgamento dos seus pares.
Ontem, a Comissão de Constituição e
Justiça acatou o requerimento apresentado pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP)
e suspendeu o trâmite do processo, mas após Renan ter se posicionado contra a
suspensão do processo, a comissão reviu sua posição, com o argumento de a
delação estava em segredo de Jutiça, com isso o parecer do senador Ricardo
Ferraço (PSDB-ES) pela continuidade do processo de cassação.
“A manobra para alterar o que fora
inicialmente deliberado revela a preocupação de quem pretende manter-se nas
sombras da impunidade e esconder o aditamento recentemente oferecido pela
Procuradoria-Geral da República perante o Supremo Tribunal Federal. A tentativa
de emudecer Delcídio Amaral e esconder o já mencionado aditamento será objeto
de pronta representação contra o senador Renan Calheiros por obstruir o
procedimento e constranger a Casa legislativa”, diz o ex-senador.
Na nota,
Delcído diz que, em razão da ausência do senador e da sua defesa, Renan
suspendeu a sessão para indicar um advogado dativo para falar por ele. “Ainda
em tempo, cabe esclarecer que a defesa constituída [o advogado Antonio Augusto
Figueiredo Basto] repele a nomeação de defensor ad hoc e
não se fez presente à sessão para não compactuar com as arbitrariedades dessa
comédia de fantoches, protagonizada pelo autoritarismo de quem se encastela no
poder de ameaça e intimidação.”
Acusado de quebra de decoro
parlamentar e de obstrução da Justiça, Delcídio, ex-líder do governo no Senado,
teve o seu mandato cassado na noite desta terça-feira por 74 votos favoráveis,
uma abstenção e nenhum voto contra.
Fonte: jornalatribuna
Tião Viana: “juntos no sol ou na chuva”
O governador Tião Viana esteve ao
lado da Presidente Dilma e do ex-presidente Lula no momento em que Dilma
recebeu a intimação de afastamento do governo. “No sol ou na chuva estamos
juntos e unidos”, disse ele a Lula. O senador Jorge Viana também estava
presente no ato de assinatura. Ele acompanhou o senador Vicentinho Moura
(PR-TO), primeiro secretario da Mesa do Senado que levou a intimação á
presidente.
Os dois líderes acreanos mantiveram
absoluta solidariedade à presidente e participaram do momento decisivo,
encontrando Dilma quando ela saia do gabinete, após ter assinado seu
afastamento. Também estavam no local os ex-ministros José Eduardo Cardozo
(Advocacia Geral da União), Jaques Wagner (Gabinete Pessoal da Presidência) e
Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). Deputados do PT e do PC do B também
aguardavam a presidente, antes de seu discurso na frente do Palácio.
Fonte: jornalatribuna
Tião e Jorge Viana anunciam oposição total a Temer.
Gladson e Petecão acreditam em êxito do novo governo
O governador Tião Viana e o senador
Jorge Viana devem estar presentes no momento de saída da presidente afastada
Dilma Rousseff do palácio do Planalto, para manifestar seu apoio e
solidariedade. Ambos fizeram ontem declarações contrárias ao impeachment e Tião
Viana deslegitimou o governo Temer, afirmando que evitará qualquer tipo de
contato institucional com o presidente interino e escalando sua vice, Nazaré
Araújo para quaisquer encontros ou agenda com Temer. Ambos estarão na oposição
ao novo governo.
No Acre, são esperadas profundas
mudanças na composição dos cargos federais, depois de 12 anos de domínio do PT
sobre as nomeações. Os parlamentares de oposição já se reúnem para acertar em
conjunto a divisão e definir as áreas de influência de cada um. Um dos partidos
que mais deve ser contemplado é o PMDB, com indicações de Flaviano Melo,
principalmente no INCRA e em cargos da área agropecuária e da deputada Jéssica
Sales e seu pai, o prefeito de cruzeiro do Sul, Vagner Sales, amigo de Temer,
na área de Infraestrutura.
O PP do
senador Gladson Cameli também deve sair fortalecido, assumindo cargos na área
financeira, especialmente porque o ex-ministro Gilberto Occhi vai assumir o
comando da Caixa econômica Federal e mantém uma boa relação com o senador
acreano, que também deve reivindicar a área de transportes.
O senador
Sérgio Petecão (PSD) deve reivindicar indicações na área de infraestrutura
urbana e nos setores que, no plano nacional ficarão com seu partido. O deputado
Alan Rick (PRB) pode se concentrar na área da Pesca e Turismo.
Hoje à
tarde, o presidente interino Michel Temer deve anunciar seu ministério, estando
prevista a redução do número de pastas.
Veja como votaram
os senadores acreanos
Durante a
votação no Senado, os três senadores acreanos ocuparam a tribuna do Senado.
Veja como votaram e o destaque de cada manifestação, segundo seleção do portal
G1.
Sérgio Petecão (PSD-AC) – a favor
“Não sou
daqueles que vai tratar o PT de corja, por muitos anos fui aliado dos partidos
da frente popular. Eu estou preocupado com a situação que nosso país atravessa
hoje, principalmente o meu estado, mas não posso responsabilizar a presidente
Dilma.”
Jorge Viana (PT-AC) – contra
“Nós hoje
estamos apreciando uma matéria que se aprovada caça o voto de 54 milhões de
brasileiros e brasileiras e afasta do poder por maioria simples do plenário do
Senado a presidenta da República. E alguns se arvoram a dizer que estamos
vivendo a normalidade institucional no país. Nós estamos vivendo, e eu falo
para quem quiser ouvir, uma anarquia institucional neste país.
Gladson
Cameli (PP-AC) – a favor
“O
momento de hoje não é para festa, mas sim para julgar e fazer cumprir nossa
Constituição”. “O PT não pode mais administrar a coisa pública como se fosse um
bem pessoal.”
Fonte: jornalatribuna
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