Apitoxina
Apitoxina é o veneno segregado pelas
fêmeas da maioria das espécies de abelhas que utiliza o que seria seu primitivo
ovipositor – ou ferrão – como meio de defesa contra predadores e outras abelhas
intrusas.
O ovipositor das operárias tem evoluído até se transformar em um
potente e eficiente ferrão serrilhado. Não só as operárias possuem veneno, as
rainhas também, contudo, por serem estas de importância vital para a vida e a
reprodução na colmeia, somente o veneno das obreiras é utilizado na apiterapia.
Com o ferrão, a abelha pica e injeta o
veneno no “inimigo”, pois, como já dito, é uma forma que ela tem de se
defender. Aliás, a abelha só pica se for diretamente atacada, visto que sua
picada lhe custa a própria vida. Isso ocorre porque além do ferrão, que fica
preso na vítima, ela também perde parte do seu intestino, provocando-lhe a
morte em poucas horas.
Muito embora exista uma tendência atual
em se obter a apitoxina por meio de sua extração com o fim de liofilizá-la e
transformá-la em soluções injetáveis, a forma mais natural, portanto mais
eficaz de obtê-la (sobretudo por ser menos agressiva para as abelhas) é a
utilização direta da abelha sobre a pele do paciente, com pinças apropriadas
para isso, visando a sua picada e, conseqüentemente, a inoculação do seu veneno.
O uso da apitoxina na apiterapia (apitoxinoterapia)
consiste na aplicação local de micro ou macro doses de veneno de abelhas vivas
em pessoas para fins terapêuticos, devido às suas propriedades analgésica,
anti-inflamatória e imunossupressora.
O poder curativo da apitoxima foi
descoberto pelo médico austríaco Philip Terc no século XIX. Um dia, sentado num
banco do seu jardim, o médico foi atacado por um enxame. Depois desse
incidente, reparou que as fortes dores em suas articulações começaram a desaparecer
e seus membros adquiriram uma nova mobilidade.
A partir desse episódio começou a
investigar a causa da sua cura e durante 10 anos fez muitas experiências.
Ridicularizado pela comunidade médica, entre 1878 e 1889, apresentou na
Universidade Imperial de Viena suas conclusões sobre inúmeros pacientes
tratados com êxito, mas, deparou-se com um auditório intransigente, de tal modo
que acabou por abandonar a cidade de Viena com medo de ser internado em algum
manicômio.
Philip Terc deixou como testemunho
muitas investigações e um livro publicado em 1910, que acabou sendo reconhecido
e aceito por muitos médicos estrangeiros. Hoje em dia, todos estes
conhecimentos estão cientificamente comprovados.
Características da apitoxina.
O veneno das abelhas é um conjunto de
substâncias biológicas muito ativas e frágeis quando expostos à luz e ao
oxigênio, uma vez extraída da glândula é chamado de apitoxina e permanece ativo
por um curto período de tempo, embora seja possível tratar quimicamente sua
estabilização. O oxigênio e a temperatura ambiente a desidratam e a degradam em
poucas horas. É um líquido transparente e de reação ácida. Contêm 88% de água,
proteínas, peptídeos, aminas, aminoácidos e compostos orgânicos voláteis.
Os
princípios ativos terapêuticos são as proteínas e os peptídeos. A quantidade
total de veneno que contém uma glândula está entre 0.2 e 0.3 mg, que
corresponde de 100 a 200 microgramos de veneno puro. Em solução se infecta e se
decompõe facilmente por bactérias. As enzimas digestivas (ptialina, pepsina,
pancreatina e renina) e vegetais (papaína e papaiotina) a debilitam rapidamente
e vice-versa. O veneno afeta rapidamente a efetividade das enzimas: destroem-se
mutuamente.
Tal como o veneno de serpente, não tem efeito quando tomado por via
oral, devido ao seu conteúdo proteico (desde, é claro, que não haja nenhum tipo
de úlcera ou ferida). Somente se conserva indefinidamente em glicerina.
Propriedades da apitoxina.
Anti-inflamatória, porque estimula o
eixo hipotálamo, a hipófise e as glândulas suprarrenais e induz a produção de
corticoides endógenos
.
Analgésica, porque libera
endorfinas que são analgésicos endógenos.
Antidepressiva, porque estimula a
produção de serotonina, dopamina e noradrenalina: neurotransmissores
responsáveis por nossa sensação de bem-estar.
Imunomoduladora, porque estimula a
formação de células multicelulares, monócitos, macrófagos e linfócitos A e T.
Hipotensora, porque dilata os
vasos sanguíneos.
Antitumoral, porque, ainda que
não seja o tratamento preferencial, possui um efeito destruidor das membranas
celulares tumorais.
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