País terá
contribuição relevante no atendimento da demanda por produtos agropecuários,
segundo a FAO
A combinação de água, terras cultiváveis, tecnologia e
alta produtividade fará do Brasil um grande protagonista na produção de
alimentos diante do aumento crescente da classe média no mundo. A análise é do
secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), André Nassar, que destaca ainda a importância estratégica
do mercado asiático para o agronegócio brasileiro.
Dados da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) mostram que, enquanto a população mundial
cresce, a disponibilidade de terras agricultáveis cai continuamente.
O Brasil é exceção nesse cenário adverso. Com
uma das maiores taxas de produtividade do mundo, o país apresenta potencial
para expandir sua área agrícola em 70 milhões de hectares. Com essa área, é
possível incrementar em 136% a atual produção de grãos e fibras, por exemplo,
que hoje é de cerca de 210 milhões de toneladas.
A FAO espera que o Brasil aumente sua produção
agropecuária em 40% até 2019. Somente nos últimos 20 anos, a produção de carne
de aves cresceu 285%, e a bovina, 77%.
“O mundo deverá ter 7,5 bilhões de pessoas em 2020,
mas a expectativa é de que as áreas agricultáveis decresçam”, observa o
secretário. Na sua avaliação, a disponibilidade de água e terra, além de
tecnologia e dos ganhos de produtividade, colocam o Brasil como um dos mercados
com maior potencial para abastecer o mundo. “Temos aqui o que não encontramos
em país algum.”
Proteína animal
Em 10 anos, acrescenta Nassar, a Ásia será o maior
consumidor mundial de proteína animal do mundo e precisará importar cada vez
mais para garantir a segurança alimentar de suas populações. Esse cenário
representa uma grande oportunidade para o agronegócio brasileiro.
O sul e o sudeste asiáticos concentram 51% da
população mundial e consomem quase um terço de tudo o que é produzido no mundo,
como aves (28%), bovinos (20%), lácteos (31%) e açúcar (37%). Ao mesmo tempo,
essa região possui apenas 18% das terras disponíveis para agricultura no globo.
"Aí está a importância estratégica do mercado asiático para o
Brasil", reforça Nassar.
Não apenas o crescimento populacional, mas também o
aumento da renda e da qualidade de vida dos asiáticos elevarão a demanda por
alimentos nas próximas décadas. Em
2030, 66% da classe média do mundo se concentrará ali.
Os asiáticos, segundo dados da FAO, elevarão seu
consumo anual de alimentos de 48 quilos por habitante para 52 kg/hab/ano em
2024. Esse salto representará um adicional de 44 milhões de toneladas
acumulados em 10 anos.
Inflação
Nassar aponta ainda que a inflação dos alimentos no
mundo tem crescido mais do que os demais bens de consumo. A China, por exemplo,
registrou aumento de 50% no preço dos alimentos entre janeiro de 2014 e outubro
de 2015; o México, 37% e a Rússia, 20%.
A escalada de preços indica necessidade de aumentar as
importações, uma vez que o crescimento da produção própria de alimentos nesses
países é limitado. “Isso mostra que o consumo está aumentando, mas a oferta não
consegue acompanhar. São regiões que terão que importar para controlar seus
preços. Está claro que a expansão da importação será uma política pública
dessas nações, o que abre oportunidade para países produtores como o Brasil”,
ressaltou o secretário.
Fonte: Mapa
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